Uma pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) trouxe o panorama dos investimentos em educação corporativa no Brasil.
Enquanto no Brasil cada trabalhador recebe uma média de treinamento de 16 horas anuais, por exemplos, nos Estados Unidos a média é de quase o dobro do tempo: 31,5 horas.
Além disso, embora 86% das empresas pesquisadas tenham um orçamento dedicado a essa educação, apenas 17% delas têm universidade corporativa e 13% não realizam qualquer investimento nesse sentido.
Esses resultados são reflexos de uma educação corporativa que encontra desafios e obstáculos no Brasil. A seguir, conheça quais são as maiores dificuldades associadas.
Educação corporativa – adoção de treinamentos por parte de PMEs
O número de PMEs brasileiras atingiu a marca de 10 milhões de empresas. Ao total, elas geram quase um terço das riquezas brasileiras e oferecem mais de metade dos empregos formais.
Mesmo assim, a educação nas empresas ainda se concentra nas empresas de grande porte. Em parte, isso se deve às restrições orçamentárias, mas também há o fator da cultura organizacional.
Em última análise, isso faz com que a maior parte da força produtiva legalizada do país tenha menos acesso a oportunidades de treinamentos devido à baixa adoção por parte das PMEs. Isso dificulta, inclusive, o desenvolvimento de uma cultura cada vez mais focada em treinamento e capacitação.
Mensuração dos resultados e avaliação de investimento
Outro desafio diz respeito à dificuldade em mensurar os resultados e de avaliar o retorno do investimento (ROI). Isso acontece especialmente devido à falta de planejamento estratégico antes de investir em educação corporativa.
Quando o processo de treinamento e capacitação possui indicadores de desempenho bem definidos, é mais fácil perceber os resultados e os impactos na motivação, na produtividade e na qualidade de maneira geral.
Sem planejamento, entretanto, o que acontece é que o foco se volta para as áreas erradas. Avaliação de indicadores como apenas as horas do urso em vez dos impactos causados na organização e a quantidade de profissionais treinados em vez de qualidade dos conhecimentos obtidos são apenas alguns exemplos comuns.
Adequação e prática dos conhecimentos adquiridos
A educação corporativa no Brasil também encontra uma barreira muito importante: a de transformar os conhecimentos teóricos adquiridos em práticas que sejam benéficas para a organização.
Isso acontece principalmente porque muitas empresas realizam capacitações sem que, na sequência, deem as condições necessárias para o desenvolvimento pleno. É o que acontece quando um vendedor é treinado para usar um software e a ele não é garantido o acesso ao software, por exemplo.
Com isso, a falta de estrutura adequada impede que qualquer treinamento, por melhor que seja, se torne realmente efetivo para a organização.
Falta de consistência nos investimentos
Não menos importante, há a falta de consistência e periodicidade de investimentos em educação nas empresas no Brasil. Muitos empresários enxergam a capacitação como um custo e, por isso, desejam que esse gasto apareça o menos possível no orçamento.
Isso faz com que uma capacitação aconteça em um momento e, depois, o funcionário passe semestres ou anos sem receber a oportunidade de se atualizar ou de se aprimorar.
Em um ambiente cada vez mais digital e com um mercado altamente dinâmico, essa falta de consistência faz com que os colaboradores estejam sempre defasados. Em última análise, isso faz parecer que esse tipo de educação não é efetiva — levando a menos investimentos —, quando, na verdade, o problema está na frequência de investimentos.
O Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer sobre educação corporativa nas empresas já que é preciso realizar, principalmente, uma mudança de cultura que reconheça a importância desse processo. Além disso, há problemas relacionados à mensuração de resultados e à aplicação de conhecimentos de maneira consolidada.
Ricardo A. M. Barbosa é diretor executivo da Innovia Training & Consulting, professor de programas de pós-graduação em conceituadas instituições de ensino, Consultor em Gestão de Projetos há 15 anos e já atuou como executivo em grandes empresas como Ernst & Young Consulting; Wurth do Brasil; Unibanco; Daimler Chrysler.
Em sua experiência, quais são os outros grandes desafios desse tipo de educação para as empresas brasileiras? Participe!
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